quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Vinho

E o vinho que é doce e amargo ao mesmo tempo dança na xicara meio vazia. E eu que sou  amarga e doce danço sozinha, meio vazia.
O mundo não para de girar e eu já não sei se acompanho os seus passos ou se piso nos seus pés. Me perco nos lençóis quentes, frio, macios, limpos, cheios, cheios de eu e de vinho.
Balança, para, balança, perde o rumo, e o vinho, e o chão, e o chão cheio de vinho. Enxuga, escorrega, cai, lambe, chora, vinho, eu, vinho, boca, eu.
E o vinho me olha e gira e grita e diz:
'A vida amarga é o vinho que te faz girar, é o alcool que te faz beber, é o chão que te faz cair.'
Entendo, não, entendo, penso, choro, o vinho ainda está ali.