domingo, 13 de outubro de 2013

Visão de Cabiceira

Não é como se as cores fossem as mesmas. As cinzas não estão no cinzeiro, elas nunca estiveram ali. Conto as bitucas, uma, duas, três, quatro. Pequenos invólucros de câncer empilhadas na janela. Não é como se as cores fossem as mesmas. As meias jogadas no canto do quarto, sempre estão ali. Um, dois, três dias. Partes de ti esquecidas na rotina. Não é como se as cores fossem as mesmas. O cabelo ondulado, meio pro lado, a barba espetada, meia comprida, o sorriso torto, meio cerrado. Não é como se as cores fossem as mesmas. A porta fechada, você do outro lado, as pernas esticadas, você deitado, o mundo em silencio, você sussurrando, meu nome, meu namorado. Não é como se as cores fossem cores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário