Prólogo
Eu podia ver o sangue no chão, certamente não era por isso
que eu esperava. Acreditava que iria
para o inferno, pelo menos é isso o que eles falam sobre as pessoas que fazem o
que fiz. Certamente não tinha ideia de que estaria aqui, inerte sobre o meu
corpo, visualizando o sangue jorrando. Mas parece que eu realmente me enganei.
Quanto tempo já se passou? Dez segundos? Trinta minutos? Duas horas? Não sei.
O sangue já parou de explodir em um grande fluxo pelo azulejo do banheiro e
agora passou a apenas gotejar sobre minha pele.
Minha pele, engraçado, acho que não é mais minha pele, já
que aparentemente não estou mais em meu corpo,
a minha maior dúvida é, o que sou agora? Sou um espirito? Um fantasma?
Por que as coisas não podem simplesmente acabar? Alguém está batendo na porta,
eu não esperava ter que assistir essa cena.
- Morg, querida, abre
a porta.
Eu queria dizer que não posso, de alguma maneira sei que mamãe
não pode me escutar , mas eu a escuto e agora está gritando. Depois de muito pedir ela passou a forçar a
tranca da porta, conseguiu abrir, entrou, então começaram os gritos e o
choro. Queria poder abraça-la, dizer que
não foi dela a culpa, que eu estou em um lugar melhor, mas quem eu quero
enganar? Eu não faço ideia de onde estou
ou o que sou agora, ainda não decidi se é pior, mas definitivamente esse não é
o lugar que eu esperava.